Quarteto de Cordas do CMM em concerto nas Comemorações do 25 de Abril
Um Quarteto muito promissor
Com o salão nobre, repleto de autarcas e público anónimo, o ambiente proporcionado pelos quatros jovens artistas foi a nota dominante que acabou por influenciar toda a cerimónia, predispondo a uma comemoração da Liberdade, porventura, mais descontraída e menos condicionada pela circunstância do ano eleitoral.
Gustavo Rodrigues (1º violino), Sara Ramos (2º violino), Luis Lira (viola d’arco) e Maria Bessa (violoncelo), entregaram-se com uma contagiante alegria e energia criativa, à interpretação de duas pequenas pérolas artísticas que a História da Música nos legou. Começaram com a ária da suite nº. 3 (BWB 1068), de J. S. Bach, originalmente composta para orquestra, mas ali tocada, num belo arranjo para quarteto de cordas e terminaram, igualmente com um belo arranjo para quarteto, da “Humuresque”, op. 101, nº7, de Dvorak.
O que verdadeiramente mais me impressionou, além da afinação muito bem conseguida e preservada até final, foi o som de conjunto, a musicalidade e a afirmação, por via de uma interpretação cheia de atitude, do carácter estilístico que, por razões óbvias, é diverso, nas duas obras.
Se em Bach, conseguiram deixar fluir, como a obra requer, a melodia, sustentando-a no seu tapete harmónico, como é próprio da Música Barroca, já em Dvorak, lograram conferir à sua interpretação, aquela elegância, equilíbrio e graciosidade característica de um certo classicismo que influenciou o compositor.
Considerando que se trata de uma formação de Música de Câmara, integralmente constituída por alunos, é natural que, quer eu, como alguns dos melómanos ali presentes, como por exemplo o Engº. Augusto Monteiro, me tenham confidenciado a sua estupefacção perante o alto nível de qualidade daqueles músicos adolescentes.
Se este conjunto não se desmembrar, e for convenientemente apoiado, auguro para ele, uma carreira muito promissora, cuja estreia fica para sempre associada ao Dia da Liberdade, em 2013, na Maia.
Foto: Tânia Ramos