Quarteto Capela fez história na Maia
O concerto que o Quarteto Capela deu no passado sábado, 5 de Maio, à
noite, no Salão D. Manuel I, no Edifício dos Paços do Concelho foi um
daqueles acontecimentos culturais que ficam para a História.
De facto, o conjunto de felizes coincidências que se verificaram neste concerto não se repetem facilmente.
Na sua estreia na Maia, no Festival de Música, o
Quarteto Capela, cuja denominação é uma homenagem à família de Luthiers
Capela, uma das mais famosas e procuradas casas de construtores de
instrumentos de corda do Mundo, dada a altíssima qualidade dos seus
violinos, violetas, violoncelos e contrabaixos, alguns deles
considerados autênticas obras de Arte que vão sendo comercializados e
leiloados no mercado internacional a preços proibitivos.
Felizmente este ofício de construir e tratar destes instrumentos da Música tem tido nesta família de Espinho, a continuidade que garante a preservação dos segredos insondáveis que passam por uma escolha rigorosa e cuidada, das madeiras, dos vernizes, das cordas, das cerdas e até da construção das próprias ferramentas.
No sábado, o Festival da Maia recebeu conjuntamente com o Quarteto de seu nome, o legítimo herdeiro dessa Arte, António Capela, Luthier que está de partida para participar no Concurso Internacional de Cordas de Moscovo, para cujo Júri foi convidado por Rostropovich, seu Presidente e violoncelista, recentemente desaparecido.
A outra feliz coincidência foi o facto,
de na impossibilidade do violetista italiano, membro efectivo do
quarteto, ter sido substituído pela violetista, instrumentista efectiva
da Orquestra Gulbenkian, Leonor Braga Santos, filha do grande
compositor português do século XX, Joly Braga Santos, numa formação
casual que dificilmente se repetirá.
O programa do concerto incluiu Haydn, Mozart e Schubert. Sendo a primeira parte integralmente preenchida pelos dois clássicos, com obras de mais fácil adesão e agrado e a segunda parte inteiramente dedicada ao romântico Schubert, com uma obra mais densa, de estrutura musical mais complexa, mas verdadeiramente arrebatadora, quer pelo contraste de emoções que transmite, como pela visível dificuldade de execução técnica e artística.